sábado, 25 de junho de 2016

Ensaio sobre o Amor Incondicional



Amar incondicionalmente. Une-se o sentimento Nobre e a complexa indefinição da não condição.


Comecemos pelo primeiro. Amor. Sentimento. Dramatizado no teatro da alma. Uma cápsula de emoções como a paixão (erotizada ou não – dependendo do tipo de Amor), a alegria, mas também o ciúme, a tristeza. Uma cápsula sim, mas aberta, por poros que trocam e fluem com o mundo. Uma cápsula também revestida. Revestida de Valores, de Crenças, de Atitudes, de Convicções… Amar é pois um afirmar a nós mesmos o perpetuar da companhia, do respeito, da admiração, independentemente da forma como brilha ou obscura a cápsula enquanto viaja pela vida.


Incondicional. Sem condição. Sem imposição de que algo tem de se verificar para a manifestação de algo. É apenas porque sim. Sem questões.


Amar incondicionalmente é por isso permitir-se à eternidade sem questões… Independentemente das lágrimas ou sorrisos, da ira do momento ou da esperança permanente… Amar incondicionalmente é assumir-se como imaterial… Para além do carnal… Para além da condição: aliás sem ela. 


Amar incondicionalmente não é para todos…

É para quem ama. Sem condições.

                                                                                                          Pedro Mello ©, 2014

 

Ensaio sobre o Adeus



Adeus! Nenhuma palavra pode ser tão plena no vazio que representa. Quando dizemos Adeus, afirmamos que o presente se despede de um foi preenchido, mas vazio de futuro. Adeus não é um “até já”, se o Adeus fosse uma pontuação seria um ponto final. Ninguém que diz Adeus querendo dizê-lo se permite às reticências…



O Adeus pode contudo ser transformador. Esvaziar o futuro face ao que foi, não significa impossibilitar uma continuidade diferente. Mas o Diferente consuma o ponto final do hoje. Adeus! Já não voltamos, mas podemos continuar – contudo diferentes.



O Adeus veste-se pois de várias cores: de um cinzento de incerteza (não sobre o Adeus, mas sobre o que virá depois); Do vermelho da paixão, pois depois de um Adeus, vem a procura de um bem-vindo que nos preencha; Do azul da tranquilidade, pois decidimos não nos sujeitar ao que foi a partir de hoje; Do verde da esperança, de que o vazio do Adeus se transforme sempre em algo melhor. O Adeus não é por isso incolor, nem inerte…



Adeus! Não sou nem somos mais…

Adeus – continuamos vivos.

Adeus.


                                                                                                      Pedro Mello ©, 2015

 

Ensaio sobre a Espera



Esperar… Uma palavra que nos faz sentir um aperto no coração. Mas porque aperta tanto a espera?


Porque esperar é apertar com uma corda a vontade… É adiar o abraço… É saber que sim, mas quando?


Esperar é reter a respiração… É doer o diafragma de tão pleno que está o coração, mas não tem o espaço do tempo… É ver em cada segundo uma lágrima… Em cada instante a dor desta vontade sufocada por ter, por poder, pelo finalmente que tarda…


Esperar é saber que amanhã o sol deve voltar, mas é o frio do luar que nos acompanha…

Esperar é no entanto perceber que sim. Esperar é confiar. Esperar é saber que já é e empurrar o doloroso diafragma com o coração pleno…


Expiro pois de esperar, na inspirada espera… Esperar é respirar… Esperar é estar Vivo.

Eu espero. Eu Esperança. Eu e Nós.

Vida!

                                                                                                            Pedro Mello©, 2015