quinta-feira, 21 de julho de 2016

Ensaio sobre a Parentalidade


Ser Pai ou Ser Mãe é de facto uma condição de existência. É algo que apenas se pode conjugar com o verbo Ser e nunca com o verbo Estar. Pai ou Mãe é-se, não com ponto final, mas com as reticências do para sempre.

Um filho é de facto uma península que se eterniza, não do ponto de vista físico, marcada pela biologia da reprodução, mas do ponto de vista emocional… Parte do Amor incondicional para o infinito.

Por isso a parentalidade não se torna avaliável pela genética, mas pela condição de Ser. E o Ser não é identificável laboratorialmente, mas pelo abraço de paternidade libertária… Do deixar voar com a segurança de um ninho que não se esgota… Da certeza que o tempo não separa a península do Amor incondicional.

Ser Pai ou Mãe não pode mudar… Sendo-o é-se na eternidade… E a parentalidade perpetua por isso a condição espiritual da Humanidade. É na ligação da península que representa um filho, com o Amor incondicional, que reside a razão da existência. Todo o restante Amor aprende com este, desenvolve-se a partir deste. O Amor na parentalidade É o AMOR, nas reticências… Os outros podem transformar-se, do ponto de exclamação ao ponto final. Mas a referência será sempre este. O Amor Supremo. O Amor da Parentalidade. Seja como Pais, seja como filhos dos que São nossos pais. Ninguém ama em supremo no Estar e por isso Ser Amor é sinónimo de Ser na Parentalidade.

Parentalidade... Ser... Existir... 



terça-feira, 19 de julho de 2016

Ensaio sobre o Talvez



Talvez... A tal vez... A vez derradeira. Pois.

Talvez as ruas enevoadas sejam afinal contornos do caminho nítido do próprio nevoeiro que somos.

 E afinal talvez o aparente nada seja o tudo que se afirma no ténue preenchimento de um tempo desde amanhã passado. Talvez.

Ou talvez o sorriso pleno do que já foi se torne afinal hoje a lágrima congelada pela eternidade.

Ou talvez a hipótese seja a elevação da certeza que afinal era pequena quando a apertavamos nas mãos.

E assim talvez e só talvez a liberdade seja hoje o ontem que sempre foi. E talvez prime pelo suspiro do futuro.

Talvez... Certamente.

sábado, 25 de junho de 2016

Ensaio sobre o Amor Incondicional



Amar incondicionalmente. Une-se o sentimento Nobre e a complexa indefinição da não condição.


Comecemos pelo primeiro. Amor. Sentimento. Dramatizado no teatro da alma. Uma cápsula de emoções como a paixão (erotizada ou não – dependendo do tipo de Amor), a alegria, mas também o ciúme, a tristeza. Uma cápsula sim, mas aberta, por poros que trocam e fluem com o mundo. Uma cápsula também revestida. Revestida de Valores, de Crenças, de Atitudes, de Convicções… Amar é pois um afirmar a nós mesmos o perpetuar da companhia, do respeito, da admiração, independentemente da forma como brilha ou obscura a cápsula enquanto viaja pela vida.


Incondicional. Sem condição. Sem imposição de que algo tem de se verificar para a manifestação de algo. É apenas porque sim. Sem questões.


Amar incondicionalmente é por isso permitir-se à eternidade sem questões… Independentemente das lágrimas ou sorrisos, da ira do momento ou da esperança permanente… Amar incondicionalmente é assumir-se como imaterial… Para além do carnal… Para além da condição: aliás sem ela. 


Amar incondicionalmente não é para todos…

É para quem ama. Sem condições.

                                                                                                          Pedro Mello ©, 2014

 

Ensaio sobre o Adeus



Adeus! Nenhuma palavra pode ser tão plena no vazio que representa. Quando dizemos Adeus, afirmamos que o presente se despede de um foi preenchido, mas vazio de futuro. Adeus não é um “até já”, se o Adeus fosse uma pontuação seria um ponto final. Ninguém que diz Adeus querendo dizê-lo se permite às reticências…



O Adeus pode contudo ser transformador. Esvaziar o futuro face ao que foi, não significa impossibilitar uma continuidade diferente. Mas o Diferente consuma o ponto final do hoje. Adeus! Já não voltamos, mas podemos continuar – contudo diferentes.



O Adeus veste-se pois de várias cores: de um cinzento de incerteza (não sobre o Adeus, mas sobre o que virá depois); Do vermelho da paixão, pois depois de um Adeus, vem a procura de um bem-vindo que nos preencha; Do azul da tranquilidade, pois decidimos não nos sujeitar ao que foi a partir de hoje; Do verde da esperança, de que o vazio do Adeus se transforme sempre em algo melhor. O Adeus não é por isso incolor, nem inerte…



Adeus! Não sou nem somos mais…

Adeus – continuamos vivos.

Adeus.


                                                                                                      Pedro Mello ©, 2015